Adormeci, junto daquela pequena lareira. Quando acordei, espreitei a janela, estava converto de algo branco, esfreguei os olhos pensei que estava a sonhar, mas nao era mesmo neve... Sentia me gelada, com frio... juntei mais uma pauzinho e reanimei novamente a fogueira para me aquecer. Fiz o meu cafe, aqueci o meu pao duro ja de alguns dias, a comiga estava a acabar, ainda me restavam algumas moedas, será que ali por perto havia uma supermercado onde eu pudesse comprar algo para saciar a minha fome?
Oiço os passos de alguem atras de mim... era novamente aquela sombra corcunda que estava ali, será que me iria falar? ou ter um gesto para comigo?
Numa voz rouca ouvi o seu clamor, senti um arrepio, e um pontapé na minha barriga... O meu filho ficou inquieto com aquela voz rouca!
Essa sombra aproximou se novamente de mim, sentou se onde estava sentada na noite anterior, ofereci-lhe um cafe. Bebeu, mas a sua cara ainda a escondeu de mim.
passado uns minutos de silencio, mostrou me quem era realmente. Uma mulher, talvez dos seus 50 anos, que vestia uma tunica preta com um capuz onde escondia o seu olhar penetrante, escondia talvez o que era, o que foi... uma manda preta. Olhou para mim e sorriu, o seu sorriso era desdentado, olhei para ela e agradeci-lhe o sorriso.
O meu filho continuou a dar me pontapes fortemente, nao aguentava tais dores, levantei me... a senhora com um olhar penetrante em mim perguntou me com a sua voz rouca
É o seu primeiro filho?
Acenei-lhe com a cabeça que sim
Porque veio aqui parar?
Olhando a neve naqueles telhados velhos respondi lhe que fugi por amor... fugi para nao ter de sofrer perto, queria sofrer longe!
Mas o amor foi mau para si?
Com uma lagrima no canto do olho, e com o pensamento daquele dia... fiquei calada!!
voltei para o pe da lareira, para junto da velha senhora...
Contei lhe, desabafei disse o que pensava... ela calada ouvia me atentamente, cada palavra que da minha boca saia, era com amor, cada lagrima que caia tinha um significado de saudade.
A velha senhora deixou cair uma lagrima naquele borralho de uma lareira meia apagada, levantou se, e pondo me a mão no ombro...
Minha filha como es corajosa, mas nao devias fugir de quem te ama, nao faças como esta pobre mulher que fugiu tambem dos seus medos, que nao lutou por quem amou de verdade, que morreu por dentro com saudades de uma pessoa só, que matou o seu coração... Minha filha fugir nao adianta, se o que tens no teu ventre será a cara de quem mais amas... Quando olhares para o teu filho iras lembrar-te de tudo!
calada fiquei... Talvez aquela pobre senhora tenha razao, nao devia fugir dos meus medos!
Mas o que esta feito, ficará assim...
Perguntei-lhe porque mora ali?
era respondeu-me um dia contarei te!
Pos o capuz da sua tunica preta e desandou...
Meu coração batia imenso, o meu filho nao parava quieto... o presentimento era estranho!